Privacidade Digital: O que é Feito com os seus Dados na Internet?

22 out 2021

Os recentes vazamentos de dados em quantidade equivalente à toda a população brasileira chamaram a atenção de especialistas e até mesmo de quem não se preocupava com segurança e privacidade digital.  

Embora os vazamentos não sejam raros, eles agora podem justificar a implementação de ações e leis, como a recente LGPD, inspirada na lei GPDR em vigor na Europa. 

Hoje você vai conferir um pouco mais sobre como os nossos dados são tratados na internet – especialmente por empresas – e soluções criativas que visam chamar a atenção para sistemas de vigilância que muitas vezes passam despercebidos.

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O que significa privacidade digital? 

Quando falamos em privacidade digital, o assunto por se expandir de diferentes formas. Há quem pense em senhas de bancos e número de cartões de crédito, enquanto outros se preocupam com quem está vendo suas fotos no feed do Instagram. 

Seja para se proteger de fraudes bancárias ou controlar a exposição nas mídias, cada pessoa se utiliza de ferramentas diferentes que, bem na teoria, protegem suas informações de acordo com a sua necessidade. 

O termo privacidade digital diz respeito ao direito de qualquer pessoa de manter suas informações sigilosas, mesmo quando fornecidas para grandes empresas, como na criação de um e-mail e principalmente em compras feitas pela internet

Você provavelmente já se perguntou como o Mark Zuckerberg ficou tão rico com um site que em teoria não cobra nada de seus usuários. E quando falamos em teoria, é porque você está sim pagando para usar o serviço, mas com informações pessoais.

LGPD e vazamentos  

Sancionada em 2018 e em vigor desde 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados exige que empresas com sites e aplicativos usados aqui no Brasil deixem explícito o tipo de uso que fazem dos dados coletados dos usuários a cada visita ou cadastro. 

De forma resumida, a LGPD obriga que as empresas coloquem avisos em suas páginas, pedindo autorização do usuário para usarem as informações coletadas para melhoria de experiência. Traduzindo: deixando bem claro que elas vendem suas informações para outras empresas, para tornar os anúncios mais personalizados para você. 

Sabe quando você visita o site de uma loja e segundos depois abre o Instagram, e um dos primeiros anúncios é exatamente o produto que você acabou de ver? Isso é uma prova de como a privacidade digital existe, mas até certo ponto. 

No começo de 2021 um grande vazamento de dados de mais de 200 milhões de brasileiros, incluindo de pessoas falecidas, expôs a facilidade com que grandes empresas têm acesso a informações como seu nome completo, e-mail, telefone, CPF e até mesmo histórico de crédito, estipulado pelo SERASA. 

Esse acontecimento chamou a atenção de quem achava que o Google era um mero mecanismo de busca, assim como de especialistas que passaram a reforçar a importância da troca de senhas e a verificação da autenticidade de perfis e mensagens que interagem com você pelo celular. 

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Vida conectada e exposição contínua

Em 2010, a cantora M.I.A lançou o disco ΛΛ Λ Y Λ, que usou de uma linguagem bastante polêmica e criativa para expor o complexo sistema de vigilância digital que tem total influência sobre a vida das pessoas. 

Em um trecho da música The Message, a cantora diz: 

Headbone connects to the headphones 
Headphones connect to the iPhone 
iPhone connected to the internet 
Connected to the Google 
Connected to the government 

Crânio conectado ao fone de ouvido 
Fone de ouvido conectado ao iPhone 
iPhone conectado à Internet 
Conectado ao Google 
Conectado ao governo 

A letra expõe de forma criativa e bastante política como as nossas vidas se tornaram traduzíveis em dados. Uma vez que os smartphones se tornaram extensões dos nossos corpos, empresas e diversas instituições passam a ter acesso constante à eles, e muitas vezes fazendo usos desconhecidos de cada uma dessas informações. 

O caso mais recente foi a polêmica do WhatsApp. De acordo com a nova política de privacidade do app, que é de posse do grupo Facebook, os usuários que não concordassem em compartilhar seus dados com a rede social estariam sujeitos a terem o uso da ferramenta suspenso. 

Isso gerou um aumento gigantesco no download de apps como Telegram e Signal, que utilizam tecnologias de criptografia que prometem total privacidade durante o uso dos aplicativos. 

Expor se torna necessário para esconder 

Mas afinal, qual o interesse das empresas e dos governos nas informações pessoais dos usuários? Se você assistiu Black Mirror ou O Dilema das Redes, essa resposta é bem óbvia. 

No caso das empresas, informações de quais produtos você viu, páginas que acessou e tempo de navegação se tornam verdadeiros diamantes, pois é através desses dados que as empresas conseguem definir estratégias de vendas que atinjam seus potenciais consumidores de forma mais efetiva. 

Mas isso não se restringe aos dados compartilhados por você somente na internet. 

Em 2018, a Linha 4 Amarela do Metrô de São Paulo instalou painéis gigantescos equipados com câmeras de reconhecimento facial. Esses painéis monitoravam as reações das pessoas que circulavam pela linha, e serviu de estudo primário para a implantação de anúncios de acordo com a ‘’resposta’’ dos usuários. 

Com um futuro cada vez mais tecnológico, e com ferramentas de reconhecimento facial e biométricos já utilizados por grande parte das pessoas, artistas e ativistas buscam alternativas de burlar esses sistemas de segurança, usando o próprio corpo como barreira para tamanha vigilância. 

How To Hide From Cameras (Tutorial de maquiagem COMO SE ESCONDER DE CÂMERAS) – Privacidade digital

A artista americana Jillian Mayer produziu um tutorial onde ensina a fazer uma maquiagem que impede que câmeras façam seu reconhecimento facial. Com muito bom humor, a artista sugere uma solução criativa para andar nas ruas das cidades do futuro de forma ‘’anônima’’. 

How To Hide From Cameras – Jillian Mayer – Privacidade digital

Pontos Cegos (São Paulo) 

O projeto Pontos Cegos se divide em duas frentes: visibilidade e invisibilidade. No primeiro, os integrantes propõe a construção de capacetes que conseguem rastrear e identificar câmeras de vigilância por toda a cidade, gerando um mapa onde é possível conferir a localização e o tipo de cada uma delas. 

O resultado é um mapa de Pontos Cegos, onde é possível circular na cidade com total privacidade, ou pelo menos sujeito apenas à olhares humanos. 

No segundo projeto, o coletivo produz capacetes refletivos que impedem a identificação de quem está usando. 

Se você ficou curioso para saber o quanto essas empresas sabem de você, sites como Facebook e até mesmo o próprio Google permitem que você faça o download do seu banco de dados armazenados por cada um deles. O resultado pode ser assustador, o que leva muita gente a ‘burlar’ essas empresas fazendo buscas aleatórias, ou muitas vezes usando navegadores que impedem o rastreio online. 

O fato é que não estamos imunes à vigilância no meio digital, então manter antivírus atualizados, senhas trocadas regularmente e evitar fotos de cartões e dados bancários salvos nos celulares ainda são a melhor forma de evitar ataques mais graves. 

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